Pressão dos Pneus da Bike. Poupe até 74 Watts com essas dicas
A pressão dos pneus tem forte impacto na performance do ciclista, e a pressão ideal pode te deixar mais eficiente e poupar Watts preciosos. Um compilado de estudos científicos trouxe a luz ganhos que podem economizar surpreendentes 74 watts. Acompanhe!
O site FFT Cycling Science reuniu uma série de estudos sobre a ciência por trás da calibragem dos pneus das nossas bikes e com isso obteve alguns dados realmente impressionantes.
Pressão dos Pneus da Bike. A pressão ideal e a escolha do pneu te ajuda a poupar preciosos Watts
Antes é importante frisar que como na maioria dos testes a distância usada para as comparações foi de 40 quilômetros e feito na maior parte em bikes de TT com velocidade superior ou igual a 40km/h.
Então sem mais delongas, vamos aos passos que você deve seguir para aproveitar ao máximo os benefícios de um pneu bem calibrado.
1 – Pneu com pouca pressão – Salvando 10 watts
Começando pelo mais obvio, mas não menos importante, isso porque você pode ainda não saber a pressão perfeita, mas pelo menos pode identificar quando está andando com o pneu muito baixo.
Andar com uma pressão baixa pode gerar uma perde de 10 watts de potência e, muitas vezes uma pressão 40% abaixo da ideal aumenta drasticamente a resistência a rolagem, e consequentemente se perde ainda mais energia, independente do tipo ou composto do seu pneu.
Entretanto, a composição do pneu e como ele se comporta na compressão lateral parece ser relevante. Pneus com compostos mistos nas laterais estão apresentando excelentes resultados minimizando a perda de energia durante a sua compressão lateral. Trataremos disso no item a seguir.
2 – Pneu com muita pressão – Salvando 13 watts
Ao contrario do que boa partes dos ciclistas acreditam, o pneu cheio demais também apresenta perda de energia. Somente para abrirmos essa discussão, um pneu com mais de 110 libras para um ciclista com 70kg que roda num asfalto ruim pode representar uma perda de 13 watts de potência. Mas porque?
Em 2010 Fabian Cancellara recebeu rodas e pneus especificamente projetadas para a Paris-Roubaix daquela ano. Os engenheiros envolvidos perceberam que pneus mais finos e muito cheios criavam trepidação excessiva, e ao observar essa trepidação mais de perto notou-se uma perda enorme de tração e energia principalmente.
Trocando em miúdos, a roda quicava tanto a ponto de girar em falso nos pedregulhos da temida estrada do Paris-Roubaix.
Com rodas de carbono e pneus mais largos, Fabian Cancellara encontrou o que para ele naquela ocasião foi a calibragem perfeita, ou seja, cerca de 60 libras.
Para os que não se lembram, essa foi a prova em que Fabian Cancellara foi acusado de usar um motor em seu quadro, tanto era a capacidade de aceleração e manutenção da velocidade naquela terrível estrada em relação aos seus concorrentes. Posteriormente foi provado que o ciclista não usou trapaça.
Falando em números, na pior superfície em termos de resistência a rolagem para as road bikes, o piso de concreto, o ciclista pode perder de 16 a 20 watts por usar uma pressão excessiva. Da mesma forma, no asfalto áspero você pode perder de 10 a 13 watts.
Genericamente, uma pressão entre 100 e 110 libras atenderia a maioria dos ciclistas. Pressões acima de 130 libras só seriam recomendadas para pisos extremamente lisos como nos velódromos.
Neste ponto, o estudo sugere não uma regra, mas uma referência de calibragem. Ciclistas com 70kg rodariam muito bem com:
- 160psi – velódromos ou pisos extremamente lisos (só use essa pressão em pneus próprios para essa demanda);
- 110psi – Asfalto novo e liso;
- 95psi – Asfalto comum (como é o piso mais comum, serve como referência para você que pesa 70 kg. Se é mais pesado acrescente 2 libras de pressão a cada 10kg a mais);
- 70psi – Concreto áspero e;
- 60psi – Pisos de pedras portuguesas, paralelepípedos e pedregulhos (com pneus de 28mm. Rodas de Carbono são aconselhadas, pois não vão amassar e ajudam a absorver os impactos).
3 – Compostos dos Pneus – Salvando 27 watts
Nestes testes ficou claro que dependendo do composto do pneu, não importa muito se ele é clincher, tubeless ou tubular. Na verdade o pneu clincher com excelente CCR apresentou apenas de 0.5 a 1 watts de economia de energia sobre os demais.
Num teste com ciclistas iniciantes (FTP até 200 watts), intermediários (FTP 250 a 300 watts) e ciclistas acima da média (FTP 350 a 400 watts) com pneus com CRR (coeficiente de resistência a rolagem) de 0.029 vs 0.0031 vs 0.0050.
O resultado foi uma diferença considerável entre eles (entre os pneus). Os inciantes tiveram um acréscimo de 1.15km/h na sua velocidade usando pneus de ótima qualidade, intermediários de 1.10km/h e os avançados de 0.91km/h. E isso representa uma grande diferença num circuito de 40km.
Em termos de tempo, o ganho foi de 01:40 para os iniciantes. Enquanto os avançados tiveram um ganho de 01:20 segundos.
4 – Conjunto Roda e Pneu – Salvando 20 watts
Os estudos explicam que as rodas mais antigas, com formas mais quadradas ou piramidais apresentavam uma maior resistência aerodinâmica, consequentemente, gastando mais energia do ciclista.
Atualmente, rodas como a C50, C60 e C85 possuem formas mais toroidais (arredondadas) e por isso rompem a resistência aerodinâmica com muito mais eficiência. Essa forma mais moderna potencializa o ganho de velocidade e a manutenção da velocidade de cruzeiro.
Roda de Carbono C50 Session
Roda de Carbono C60 Session
Roda de Carbono C85 Session
Conseqüentemente, os testes em túnel de vento feitos com uma roda moderna como a linha de Rodas de Carbono da Session, aliadas aos pneus mais largos apresentaram resultados incríveis simplesmente ao combinar bem esse conjunto.
As rodas de carbono Session já estão prontas para tubeless e além disso são mais largas, potencializando ainda mais esse efeito.
Num vento frontal, a roda de perfil com o pneu mais largo, obteve-se uma economia de 9 watts. Mas conforme já apresentamos aqui no Blog Session, o efeito vela – saiba mais sobre o efeito vela aqui – economizará impressionantes 20 watts nos ventos laterais. E esse resultado é absolutamente incrível, veja mais aqui.
5 – Clincher vs Tubular vs Tubeless – Salvando 5 watts
De fato essa discussão é bem antiga, e apesar dos pneus tubulares serem os preferidos dos ciclistas que gostam de um bom contra relógio, parece que os compostos mais modernos trouxeram o pneu clincher ao pé de igualdade.
Com ganho, porém pequeno, o pneu tubular de boa qualidade pode economizar até 5 watts para o ciclista.
6 – Peso do pneu – Sem resultado expressivo 0.0 watts
Em todos os testes analisados pela FFT Cycling não foi encontrado uma diferença substancial. Até mesmo em pneus com diferenças de peso de 100 gramas. Pelo visto, quando somado o peso do ciclista e o da bike essa diferença a mais não é tão significativa.
Nos pneus comparáveis, ou seja, com faixa de preço similar a diferença de peso quase nunca ultrapassa 30 ou 50 gramas, o que torna a comparação ainda mais inconclusiva.
Contudo, notou-se que os pneus mais leves se calibrados perfeitamente apresentam aceleração e retomadas ligeiramente mais velozes.
7 – Largura do Pneu – Salvando 3 watts
Aparentemente o pneu mais largo não é sinônimo de mais velocidade por si só. O composto do pneu é mais relevante do que a largura do mesmo, como já mencionamos aqui. Entretanto, já vimos antes (item 4) como o combo Pneu e Roda pode ser poderoso e ainda veremos mais a frente sobre a aerodinâmica do pneu.
Além do mais, aplicando os conceitos da física, se você inflar um pneu com a tala mais larga e outro com a tala mais fina com uma pressão proporcionalmente igual. E ainda, usando a mesma bike e o mesmo ciclista a superfície dos pneus em contato com o solo tendem a ser exatamente as mesmas.
A diferença é que o pneu mais largo deixa uma marca mais arredondado no terreno, enquanto que o pneu mais fino deixa uma marca mais fina e longa.
Resumidamente, ao contrario do que se ouve por ai, um pneu mais largo não tem necessariamente mais contato com o solo. Para medir isso, o teste é bem simples e feito com tinta no chão. Dai se calcula o rastro do pneu para encontrar a quantidade dele que fica em contato com a superfície do terreno.
Concluindo, o pneu mais largo é ligeiramente mais rápido, porém a diferença é bem pequena. De um pneu de 19 mm para um de 23 mm encontrou-se uma economia de 1 watt e de 23mm a 25mm é de 2 watts. E de 19 mm para 25 mm é de aproximadamente 3 watts. Mas quem hoje em dia usa um pneu de 19 mm?
8 – Aerodinâmica do Pneu – Salvando 6 watts
Um pneu mais largo quando casado corretamente com uma roda de perfil alto pode promover um excelente ganho. A economia em watts aqui é realmente expressiva e vem sendo amplamente explorada pelos ciclistas mais rápidos do mundo.
Um pneu largo com uma folha de roda em formato toroidal (arredondada) pode poupar até incríveis 30 watts para o ciclista em condições normais.
Nesta fase do teste notou-se que de fato o formato do pneu conta muito, para se ter uma ideia, um pneu tende a perder eficiência aerodinâmica simplesmente por se desgastar e ficar mais achatado.
Essa superfície mais achatada pode desperdiçar até 1 watt de potência do ciclista. Fica claro que escolher o pneu mais largo e com a forma mais arredondada é o mais inteligente e consegue poupar até 6 watts para o ciclista.
A importância da pressão correta no pneu da bicicleta
Podemos concluir que a diferença no ciclismo está nos detalhes. Muitas vezes a soma dos ganhos marginais aliada a experimentação pode resultar em saltos de rendimentos que fazem toda diferença.
Testar diversas calibragens, medir os resultados para depois poder compará-los deve ser um exercício para todo ciclista amador. Além disso, este guia pode ajudá-lo a escolher o melhor upgrade para sua bike, parece que mais uma vez a roda volta a ser posicionar com um dos melhores upgrades no ciclismo.